segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Caçadas de Pedrinho

De Monteiro Lobato
Ed. Círculo do Livro

E aí que o Desafio Literário me jogou de cabeça no mundo maravilhoso de Monteiro Lobato. Caçadas de Pedrinho foi o terceiro livro que li para o Desafio e, embora pareça estranho (afinal, foi ontem que postei sobre A bolsa amarela), não é tão estranho assim, nem li o livro de um dia para o outro.

Acontece que meu tempo de postagem consegue ser mais lento que o de leitura. E aí eu já tinha lido o livro da Lygia na segunda semana do mês e só fui postar ontem, com o prazo acabando...

Enfim, vamos ao Pedrinho...

Escolhi esse livro, claro, por causa da polêmica com o MEC e a proibição de adoção nas escolas. Acho que todo mundo sabe, mas, se alguém passou batido por isso: um professor espertinho achou por bem denunciar o livro, alegando que é racista. Na mídia, apareciam sempre os mesmos trechos, quando Emília chama Tia Nastácia de "pretura", quando diz que nem ela, "que tem a carne preta", escaparia do ataque das onças, etc. Como nunca tinha lido, resolvi que deveria fazê-lo para poder ter uma noção mais precisa dos tais trechos.

Acho um absurdo que nossa cultura seja ceifada por causa disso. Mas, afinal, estamos no tempo do menor esforço, não estamos? Por que um professor iria preferir explicar o contexto histórico-cultural quando é simplesmente mais fácil banir o livro das escolas?

Pelo amor de Deus, gente! Estamos falando de Monteiro Lobato! Então vamos banir mesmo: Pedrinho caçou uma onça! Ora, isso incentiva a violência contra os animais! E os personagens aspiram pó de pirlimpimpim: uma alusão clara ao uso de drogas!!!!

Ok, ok. Estou sendo irônica, é claro.

Os trechos ditos "racistas" são tão poucos e tão espalhados pelo livro que é preciso mesmo muita má-fé para reuni-los e denunciar a obra. Além do mais, há uma série de outras características de linguagem que deixam claro que a obra foi escrita há muito tempo, quando o mundo ainda era diferente. Ora, quem aqui conhece a "Capinha Vermelha"? Posto assim, é provável que muitos de vocês não saibam do que estou falando. Capinha era uma menina que andava pela floresta com uma cesta de doces para a vovozinha que - oh, tragédia - foi engolida pelo Lobo. Ahhh, sim! Chapéuzinho Vermelho.

No fim, Caçadas de Pedrinho é um livro de outros tempos. Mas completamente inocente. Completamente mágico. E feito especialmente para crianças.

domingo, 30 de janeiro de 2011

A bolsa amarela

de Lygia Bojunga
Ed. Casa Lygia Bojunga

Deveria ser fácil para mim gostar de A bolsa amarela, pelo menos se fôssemos levar em conta as coincidências. Pra começar a protagonista se chama Raquel. Mas ela queria ser menino e se chamar André. Bem, meu nome é Rachel e, se eu tivesse nascido menino, meus pais me chamariam de André. Depois tem a coisa da bolsa amarela e, desde o natal, ando com uma por aí.

Mas eu não tenho mais 12 anos (ou menos, não sei bem com que idade acontece essa mudança) e não gosto mais de livros por causa dessas coincidências...

O fato é que não curti o livrinho da Lygia Bojunga.

Nele, Raquel tem três grandes vontades: 1. de ser menino; 2. de crescer; 3. de ser escritora.

Raquel, querida, ser menino pode ser bom e prático, mas ser menina me parece tão melhor... a gente pode andar de mãos dadas com nossas amigas sem sermos chamadas de lésbicas; a gente pode fazer tudo o que eles fazem (e de salto alto) e, deixando de lado todas essas justificativas sexistas, a gente tem filhos. Ok, os homens têm também. Mas aí, quando aquela coisinha linda precisa mesmo de alguma coisa, olha nos seus olhos e diz: mamãe... Bem, esses são os melhores momentos da minha vida.

Quanto a crescer, não é tão bom quanto se imagina... Até é. Mas também é bom ser criança e cada coisa tem seu tempo. Como Lygia mesma escreveu no livro: "Às vezes a gente quer muito uma coisa e então acha que vai querer a vida toda. Mas aí o tempo passa. E o tempo é sujeito que adora mudar tudo. um dia ele muda você e pronto: você enjoa de ser pequena e vai querer crescer."

Sobre ser escritora... é um desejo nobre. Mas eu tenho minhas dúvidas.

Pois é. Aquilo de que menos gostei no livro foi o estilo. Achei a escrita datada, ultrapassada, cheia de gírias que não se usa mais... sei lá, me cansou.

Mas tudo bem. Não darei por encerrada minha incursão no mundo Lygia. Vou tentar outra vez. Quem sabe não dê mais sorte com outro livro? Afinal, das coisas boas que se tira de A bolsa amarela: a gente sempre aprende se continua estudando, e nunca é tarde para isso. E, claro, deve ser muito ruim ter o pensamento costurado.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O menino do dedo verde

de Maurice Druon
Ed. José Olympio

Bem, conforme prometido (e devido), vamos às resenhas do Desafio Literário 2011. Comecei as leituras no dia 1º de janeiro, com O menino do dedo verde, já terminei o segundo livro também e estou embalada no terceiro... mas chega de enrolação.

O menino do dedo verde conta a história de Tistu. Ele nasceu numa família abastada, na cidade de Mirapólvora. Morava na Casa-Que-Brilha, com a D. Mamãe e o Sr. Papai, que também era dono da fábrica de canhões da cidade.

Não faltava nada ao menino Tistu. Por muitos anos, a vida dele foi uma maravilha. Mas então chegou o momento de ir à escola. Durante as aulas, o menino não conseguia prestar atenção ao que o professor falava e sempre acabava caindo no sono. Não que ele quisesse dormir. Na verdade, Tistu queria muito aprender, mas nada daquilo fazia sentido para ele.

Depois de um curto tempo, os pais foram chamados à escola e receberam o seguinte veredicto: Tistu era especial e não poderia continuar na escola.

Uma grande tristeza abateu-se sobre a Casa-Que-Brilha.

Ora bolas, não são todas as crianças especiais? Para quantas delas faz sentido passar horas e horas ouvindo um sermão aparentemente sem-fim na escola, quando o mundo lá fora está cheio de mistérios a serem desvendados?

Então o Sr. Papai e a D. Mamãe resolveram que Tistu, a partir daquele dia, teria aula de mundo. E lá foi ele, para o mundo.

A primeira aula foi de jardinagem, com o Bigode, e logo se descobre que Tistu é mesmo especial. Ele tem polegar verde. Onde quer que toque, imediatamente surgem belíssimas flores.

Ah, mas para um menino como Tistu - para qualquer menino - a parte das flores é fácil. Afinal, elas são bonitas, perfumadas, alegres. Difícil é entender a "ordem". Por que homens que fizeram algo errado ficam confinados numa cadeia feia, que só os tornará ainda mais maus? Por que uma menina doente não recebe o mínimo de atenção, carinho e magia de que precisa para melhorar? Por que as pessoas fazem guerra?

Com seu dedo verde e sua inocência infantil - até se poderia dizer com sua lógica infantil, tantas vezes mais sensata que as ponderações adultas -, Tistu começa a transformar o mundo à sua volta e chega mesmo a fazer o nome de sua cidade mudar para Miraflores.

Como não poderia deixar de ser, Tistu era uma criança tão especial que sua passagem por aqui é curta. Mas aquilo que ele plantou jamais passará.

E o Tistu dentro de mim e de você? Será que já o deixamos partir? Sou mãe e tenho um Tistu em casa. Um Pequeno Príncipe. Cada minuto ao lado dele me ajuda a resgatar a inocência e a alegria dentro de mim. Ao lado desse Tistu, percebo que ainda é possível sair de Mirapólvora e passar a viver em Miraflores.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tudo atrasado...

Pra variar, está tudo atrasado nesse blog.

Já perdi as contas de quantos livros já li, a quantos filmes assisti... e nada veio parar - ainda - no TavaLendo...

No último post, eu disse que o próximo seria sobre Casablanca. Mudança de planos. Depois desta mea-culpa, os próximos posts (dois pelo menos) serão sobre o Desafio Literário 2011. É que já li, na primeira semana do mês, O menino do dedo verde e, na segunda semana, A bolsa amarela.

E, como entrei no Desafio cheia de gás, já comecei Caçadas de Pedrinho.

Ainda na área literária, os freelas me brindaram com O retrato de Dorian Gray e A abadia de Northanger.

No ramo do cinema, depois de Casablanca, já assisti a Fale com ela, Pulp Fiction e Enrolados (passeio de domingo com o filhote).

É... é muita coisa pra botar em dia. Mas o trabalho não está permitindo.

Por falar nisso... é hora de dizer tchau a esse texto cheio de culpa e voltar a me concentrar aqui no copi que trouxe pra casa pra terminar!