quarta-feira, 17 de junho de 2009

Admirável mundo novo

De Aldous Huxley
Ed. Globo

Admirável mundo novo foi publicado em 1932. O que talvez na época fosse apenas uma ficção futurista acabou se tornando uma obra de abrangência muito maior.

Ao ler o livro agora, em 2009, é impressionante ver como tudo parece real ou, no mínimo, plausível. Caixas de música sintética, ou gadgets de MP3 e MP4? Crianças que nascem em tubos de ensaio, a busca da felicidade a qualquer preço, "cada um pertence a todos"... conceitos de um mundo em que "pai e mãe" são visto como uma grande obscenidade. Mas será que já não é assim? Nossas crianças não passam a ter vergonha dos pais cada vez mais cedo? O respeito, a obediência, tudo isso parece ter ficado para trás. Numa época de mundo velho.

A sociedade criada por Huxley adora Ford e sua linha de produção, leva ao extremo a linha psicológica freudiana, tem castas extremamente bem definidas, nas quais a própria constituição física dos indivíduos denuncia a que grupo pertencem. Mas vejam só, eu falando em indivíduos. Não há indivíduos no Admirável Mundo Novo. Pelo menos não nas castas inferiores. Ao serem reproduzidos em bocais (pois pais e mães foram completamente abolidos na civilização), os embriões passam por um complexo processo de divisão, e o resultado são grupos de gêmeos, de 20 a 96.

Seria impossível manter uma sociedade estável se ela fosse cheia de indivíduos. Pela estabilidade social, todas as crianças passam por um longo processo de condicionamento, que envolve tanto experimentos pavlovianos quanto mensagens hipnóticas repetidas incontáveis vezes durante o sono.

E, se algo o aborrece, por que pensar em coisas ruins? Com meio grama de "soma" tudo volta ao normal e você volta a ficar feliz. Hummm... tão parecido com o refúgio que as drogas oferecem, não?

No entanto, mesmo nessa sociedade condicionada e estável, existem pessoas especiais. Os Alfa Mais Mais. Como Bernard Marx. Um homem de compleição física especial (devido ao acréscimo acidental de álcool em seu pseudo-sangue, quando ele ainda era um embrião no bocal) e idéias muito divergentes. Bernard valoriza a solidão, não gosta de se misturar e se sente constrangido ao tratar de seus assuntos "pessoais" em público. Toda essa estranheza acarreta uma série de problemas para ele.

No entanto, durante uma viagem a Malpaís - uma reserva selvagem no Novo México, onde as pessoas ainda mantêm os velhos hábitos -, ele e Lenina (a gama com quem ele está saindo) encontram algo inusitado: Linda e seu filho, John.

Linda era uma mulher da civilização que se perdeu durante uma viagem e acabou ficando presa em Malpaís. Lá, se descobriu grávida (oh! que tragédia!), teve um bebê (imaginem, um bebê! justo ela, uma Beta Mais) e acabou criando laços com a criança.

Bernard resolve pedir uma autorização especial para levar Linda e John de volta à civilização. Ao chegar lá, o Selvagem gera o maior frisson jamais visto na sociedade estável.

Mas será que seres tão diferentes são capazes de interagir, conviver e, o principal, se entender?

Admirável mundo novo fala do fim da sociedade como a conhecemos e nos leva a pensar muito seriamente nas transformações que estamos presenciando em nosso mundo.

Será que chegará mesmo o dia em que não leremos mais, em que não seremos mais capazes de apreciar uma obra de arte, influenciados pela sociedade do consumo? Será que chegará mesmo o dia em que não seremos mais capazes de amar? E será que esse dia está tão longe assim?

Como há aqui seres encantadores! Como é bela a humanidade! Oh! Admirável mundo novo... que encerra criaturas tais!

sábado, 6 de junho de 2009

Blog novo, ideia velha

Então que voltei ao blog. Numa nova página, com uma velha ideia.

Vou postar aqui minhas opiniões, impressões, etc. sobre os livros que ando lendo, seja a trabalho ou por puro entretenimento.

Para começar, no próximo post: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.